Bolsista:
Líria Amanda
Olá
Pessoal!
Vocês já imaginaram como
seria um hospital sem esterilização? Essa abordagem e muitas outras que vamos
classificar o composto fenol, e suas utilizações, através da esterilização
hospitalar e dos compostos fenóis que são comuns em nosso dia-a-dia. Mas o que
seria fenol? Fenol é uma molécula aromática simples, que possui um anel
benzeno, sendo ligado a grupo hidroxila (OH-) (ver na figura 1).
Figura 1: Molécula do fenol
Fonte: Os
Botões de Napoleão
Antes de 1864, eram muito
frequentes as mortes ocasionadas por infecções hospitalares. Quando um paciente
era submetido a uma cirurgia, a probabilidade de sobrevivência era muito
pequena, além dos riscos provenientes de uma cirurgia, quase sempre as feridas
cirúrgicas ficavam infectadas. Então o médico Joseph Lister, acreditava que as
infecções talvez não fossem provocadas pelo gás venenoso surgido dos esgotos,
como antigamente prediziam. Mas poderia ser iniciado por algo invisível ao olho
humano. Depois de ler um artigo sobre a teoria germinal das doenças, ficou mais
convicto de suas ideias.
Então Lister utilizou um
produto feito do alcatrão da hulha, a partir do coltar (resíduo obtido do
processo de gaseificação da hulha), para o tratamento das infecções, utilizado
no tratamento de esgoto e também na iluminação das casas. No coltar era obtido o
ácido carbólico (Fenol) uma mistura destilada, depois de algum tempo Lister
conseguiu obter o fenol puro. Lister pegou o fenol e fez uma mistura com óleo
de linhaça e alvejante, sendo utilizado nos tratamentos das feridas e na
esterilização hospitalar. Por ser tóxico, o fenol tornou-se menos usado como antisséptico.
Mas seu uso deu bons resultados no tratamento das infecções da época.
O fenol não é somente
classificado como a molécula que foi utilizada por Lister, há vários tipos de
fenóis, mas somente um “fenol”. Há fenóis feitos pelo homem como o
triclorofenol e os hexilresorcinóis (ver na figura 2) que hoje são utilizados
como antissépticos. Temos o ácido pícrico (Trinitrofenol), que por ser altamente
explosivo foi usado pelos ingleses na Guerra dos Boêres e na Primeira Guerra
Mundial. O ácido pícrico foi originalmente usado como corante, em especial para
seda.
Figura 2: Triclorofenol e o Hexilresorcinol
Fonte: Os
Botões de Napoleão
Os fenóis também ocorrem na
natureza, como as moléculas picantes – capsaicina das pimentas e zingerona do
gengibre (ver na figura 3). Há moléculas extremamente fragrantes, como as
especiarias, encontradas no eugenol (cravo-da-índia) e no isoeugenol
(noz-mozcada) – são da família dos fenóis. E não podemos nos esquecer da
vanilina, ingrediente de um composto flavorizante, a baunilha tem uma estrutura
semelhante a do eugenol e do isoeugenol.
Figura 3: Capsaicina e zingerona. A parte fenol
de cada estrutura está circulada.
Fonte: Os
Botões de Napoleão
Aos poucos estamos nos
familiarizando com os compostos fenóis encontrados na natureza. Agora vamos
citar um composto que compõe uma das drogas mais conhecidas pela população, que
ao ingerirmos causa alucinações, danos e abstinência. Você já deve está
imaginando do que estamos tratando. Então vamos falar do tetraidrocabinol, um
ingrediente ativo da maconha (cânhamo indiano). As propriedades sedativas e
inebriantes do cânhamo ou da maconha são encontradas principalmente no caule,
em algumas espécies estão presentes em toda a planta, apesar da concentração
ser maior nos botões de flor da árvore fêmea. Nos Estados unidos e em alguns
países, o tetraidrocabinol presente na maconha é utilizado no tratamento de
náuseas, dores, câncer, AIDS e outras doenças.
Os fenóis que ocorrem
naturalmente possuem mais de um grupo OH, ligados ao anel benzeno. O gossipol,
um composto tóxico extraído das sementes do algodoeiro, possui seis grupos OH
em quatro anéis benzeno diferentes. Seu principal uso é como anticoncepcional
masculino. Temos também a molécula epigalocatequina-3-galato, presente no chá
verde, que possui mais grupos OH fenólicos. Recentemente a essa molécula é atribuída
o poder de proteger contra vários tipos de câncer.
A importância do fenol ou
dos fenóis é bastante ampla, como na utilização para a esterilização de
hospitais no passado e nas especiarias. Na próxima matéria irei falar sobre os
objetos feitos a partir do fenol e também sobre o fenol do sabor. Enfim, espero
que tenham gostado, até a próxima!
Referências
[1] COUTEUR. P. BURRESON. J. Os
Botões de Napoleão: as 17 moléculas que mudaram a história. - Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
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