segunda-feira, 14 de maio de 2012

Fervendo água a 60ºC


Bolsista: Solange Batista de Sousa Anacleto Reis
Na maioria das vezes, quando ouvimos falar de plásticos já nos vem à cabeça a ideia de polímeros, como o poli(cloreto de vinila), PVC, e o poli(etilenotereftalato), PET. Mas, na verdade, eles não são apenas orgânicos e esse experimento nos mostrará isso, pois iremos sintetizar um “plástico inorgânico”.
MATERIAIS UTILIZADOS
  •  Tubo de ensaio ou béquer
  •  Enxofre em pó
  •  Fonte de calor (bico de bunsen, chapa aquecedora, fogão, dentre outros)
  •  Seringa de vidro

PROCEDIMENTOS
  •    Pegue o tubo de ensaio ou o béquer e coloque aproximadamente 2/5 de seu volume com enxofre em pó.
  •  Comece o aquecimento lentamente até sua fusão total e em seguida despeje vagarosamente o líquido e água fria.
Obs.: O enxofre fundido tem uma coloração laranja, mas o aquecimento deve prosseguir até que se possa observar uma coloração vermelho-escura.
  •  Utilizando a seringa de vidro, coloque ainda quente o líquido no seu interior, e despeje então o enxofre fundido na água, obtendo assim “fios de plástico” de enxofre.

EXPLICANDO!!!
O enxofre amarelo é o ortorrômbico, constituído por moléculas com fórmula S8, ou seja, unidades constituídas por oito átomos de enxofre.
Ao ser fundido as unidades de S8 se rompem, formando novas unidades de dezesseis átomos.
Ao continuar o aquecimento, ultrapassando a temperatura de 160ºC, essas unidades se rompem novamente, formando cadeias ainda maiores.
O resfriamento súbito do S8 é que garante a permanência dessas cadeias, se o resfriamento fosse lento ele voltaria ao ponto de partida: unidades S8.
Já que as cadeias não possuem o ordenamento estrutural, nem a força de coesão exibida pelas unidades S8, o material obtido é elástico, com uma consistência de plástico.

FALANDO UM POUCO MAIS...
Não querendo invadir a coluna de “Elementos Químicos”, vou fazer um resumo em poucas palavras sobre as formas alotrópicas do Enxofre.
De todos os elementos químicos, o Enxofre é o que possui mais alótropos.  Esses se diferenciam no grau de polimerização e na estrutura cristalina.
As duas formas mais comuns são o enxofre-α ou rômbico, que é estável à temperatura ambiente, e o enxofre-β ou monoclínico, que é estável acima de 95,5ºC.
Uma terceira modificação, conhecida como enxofre γ-monoclínico é “nacarada” (se assemelha à madre-pérola). Pode ser obtido esfriando rapidamente soluções concentradas quentes de S em solventes como CS2, tolueno ou EtOH.
Todas as três formas contém anéis S8 não-planos, com uma conformação de coroa, diferindo somente no modo de empacotamento dos anéis no cristal. Isso afeta suas densidades:
  • ·       α-rômbico – 2,069 g/cm-3
  • ·         β-monoclínico – 1,94-2,01 g/cm-3
  • ·         γ-monoclínico – 2,19 g/cm-3

O enxofre Engel (enxofre-ε) é instável e contém anéis S6 dispostos numa conformação em cadeira. É obtido derramando uma solução de Na2S2O3 em HCl concentrado e extraindo-se o enxofre em tolueno.
Diversos outros anéis (S7, S9, S10, S11, S12, S18 e S20) foram obtidos por Schmidt e colaboradores. Geralmente são obtidos através de uma reação 1:1, em éter seco, entre polissulfetos de hidrogênio e dicloretos de polienxofre.

REFERÊNCIAS
LEE, J. D. Química Inorgânica não tão concisa. p. 272, 5 ed., São Paulo: Blucher, 1999.
KOTZ, J. C.; TREICHEL, P. M.; WEAVER, G. C. Química Geral e Reações Químicas. p. 936, v. 2, 6 ed., São Paulo: Cengage Learning, 2009.

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