terça-feira, 15 de março de 2016

Química forense: Impressões digitais

Bolsista: Adrielly
Olá amigos do quipibid!
Nos dias de hoje existem vários métodos de identificação humana e o mais comum entre eles é a impressão digital. A história do uso ou do reconhecimento das impressões digitais como característica pessoal é tão antiga quanto a história da civilização. Vários estudos no século XVII descreveram com detalhes os padrões de digitais dos dedos, mas nenhum autor da época fez referência ao seu potencial identificador.
Em 1858, Sir Wiliam Herschel, oficial administrativo britânico e chefe de um distrito em Bengala, na Índia, começou um extensivo uso de impressões digitais, gravando-as em contratos com os nativos. Posteriormente, em 1877, Herschel tentou, sem sucesso, obter autorização junto aos seus superiores para utilizar as impressões digitais como forma de identificar seus prisioneiros. Mesmo assim, em sua província, ele aplicou o método extensivamente. Após anos de observação, tendo inclusive analisado suas digitais em 1860 e 1890, Herschel concluiu que as formas das estrias que formavam as digitais não mudavam durante a vida.
Figura 1: Impressão digital

Os responsáveis por colher as impressões digitais são os datiloscopistas, exigido deles muita calma, experiência e cuidado. A perícia, quando entra na cena de um crime, observa vários aspectos. No que diz respeito ao assunto do artigo, a observação de objetos deslocados da sua posição original pode revelar vestígios papilares nos objetos que apresentam superfície lisa ou polida. A estes vestígios se dá o nome de Impressões Papilares Latentes, doravante IPL, que podem confirmar ou descartar a dúvida de quem estava na cena do crime.
Há basicamente dois tipos de IPL: as visíveis e as ocultas. As visíveis podem ser observadas se a mão que as formou estava suja de tinta ou sangue. Já as ocultas são resultantes de vestígios de suor que o dedo deixou em um determinado local. Aliado ao fato de que, quando a pessoa está fazendo um ato ilícito, via de regra, a transpiração aumenta, transformar estas IPL ocultas em visíveis acaba sendo um processo de grande importância nas investigações. O quadro 1 traz as substâncias inorgânicas e orgânicas presentes no suor e nas glândulas excretadas pelo ser humano.

    Quadro 1 – Relação entre as glândulas e os compostos excretados no suor humano

Outra técnica muito utilizada para identificação da impressão digital é a técnica do pó. A técnica do pó está baseada nas características físicas e químicas do pó, do tipo de instrumento aplicador e, principalmente, no cuidado e habilidade de quem executa a atividade – vale lembrar que as cerdas do pincel podem danificar a IPL. Além dos pincéis, a técnica também pode ser realizada com spray de aerossol ou através de um aparato eletrostático.
Quando a impressão digital é recente, a água é o principal composto no qual as partículas de pó aderem. À medida que o tempo passa, os compostos oleosos, gordurosos ou sebáceos são os mais importantes. Esta interação entre os compostos da impressão e o pó é de caráter elétrico, tipicamente forças de van der Waals e ligações de hidrogênio. O quadro 2 relaciona alguns poucos tipos de pós usados na revelação de IPL com as porcentagens de seus componentes.

    Quadro 2– Pós utilizados na revelação de IPL.
O uso de um tipo de pó em detrimento dos demais ocorre, principalmente, devido à superfície em que se encontra a IPL, às condições climáticas – principalmente a umidade – e a experiência do perito. É por isto que existe uma variedade enorme de pós, muito maior que as apresentadas aqui, pois as condições do local em que se encontra a impressão podem ser muito diversificadas. O uso de pós pode ser prejudicial à saúde do perito, pois com esses podem intoxicar o organismo humano.
Devido a isto, na década de 80 foram desenvolvidos pós orgânicos. Exemplo destes pós encontra-se no trabalho de Kerr, Haque e Westland, no qual são descritos procedimentos para produção. Um deles seria dissolver 1 g de brometo de potássio em vinte e cinco mililitros de água destilada. Em seguida, lentamente, dissolve-se trinta e cinco gramas de amido de milho na solução aquosa de brometo de potássio. Esta mistura é deixada secar por setes dias e após, é reduzida a pó. Este, por sua vez, é conservado em um recipiente contento sulfato de cálcio anidro como dessecante.
Até a próxima postagem!

Referências

CHEMELLO. E. Ciência forense: impressão digital. Disponível em http://www.quimica.net/emiliano/artigos/2007mar_forense4.pdf. Acesso em 25/02/2016

KERR, F. M.; HAQUE, F.; HAQUE, F. et al. Organic based powders for latent fingerprint detection on smooth surface, part I e II. Canadian Society of forensic Science Journal. 1983; 16: 140-142 e 39-44.



                             


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